quarta-feira, 12 de maio de 2010

Imaginário

Foto -João Ferraz


"Imaginário"
Célia Pires

Puxa, como demorou para que eu percebesse que você não foi feito pra mim: não se alegra ao me ver chegar, evita tocar meu rosto e me dar um simples beijo. Tudo para mim é não. Tudo o que faço ganha uma outra dimensão. Só que negativa.Você não é meu número como dizem na gíria. Nunca seremos arroz com feijão ou goiabada com queijo, mas não lamento, pois quero ver nos olhos de quem amo a paixão, apesar de todos os meus defeitos. Não quero sentir seus preconceitos. Só quero aconchego enquanto acaricio seu peito...
Por Deus, por que construimos castelos, por que nos embriagamos com um tom de voz um pouco mais aveludado? Será realmente amor aquilo que nos faz sofrer?Que nos remete ao frio covil da solidão que aos poucos vai minando. minando e minando a nossa autoconfiança?Guardei para você o meu melhor sorriso, minhas mãos prontas para te encherem de carinho, palavras doces pra sussurrar no seu ouvido. Tudo em vão. Desceu pelo ralo da indiferença!
Hoje tenho saudades do meu sorriso aberto.Trocaria toda essa tristeza por uma única gargalhada escandalosa que afugentasse toda essa angústia que "enferruja" a minha vontade de recomeçar. A espada de dor que me atravessa não é fruto de minha cabeça. Fiquei acorrentada à sua rejeição e não consigo alforria. O chicote do desencanto bate forte em minha alma. Estou exausta. Cansada de lutar contra esse sentimento que me arrasa. Vou me vergando como uma haste, mas algo lá no fundo de mim mesma não permite que eu esmoreça por completo, pois esse amor não é Imaginário nem virtual como você supõe, ele é real,infelizmente,verdadeiramente real...

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