Foto-João Ferraz
URBANIDADES
Célia Pires
Queria chegar e te encontrar como se o momento tivesse sido congelado desde a última vez que nos vimos.
Mas as cadeiras estão tristemente vazias. Nada do recorte do seu bonito perfil.
Nada de pinceladas de esperança.
Somente o vazio das cadeiras que outrora foram ocupadas por nós dois.
Mas volto sempre a este lugar. Meu holocausto.
E quando chego penso que vou me derreter de horror, me debater diante da desgraça da solidão, mas não, nem isso me é permitido por essas urbanidades que extraem toda a poesia, que embotam os sentidos e nos livra do impacto da dor, tão feio o cenário que não oferece acalento e parece repetir: fuja!Fuja!!
Obedeço e como um louco procuro um lugar onde a simplicidade me acolha e me faça redescobrir o que é ter um coração, um coração...
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