quinta-feira, 24 de junho de 2010

O que leio nos teus olhos



Foto-João Ferraz


O que leio nos teus olhos:


O brilho de cada estrela
A beleza de toda poesia
A magia de uma canção
Curiosidade. Anseio. Buscas. Alegria. Paz. Sonhos. Meiguice. Revolta. Indignação.Uma certa malicia misturada à uma certa timidez
E todo um mar de verdes esperanças... e um mundo lindo a ser descoberto!

Uma mulher que não tem medo de se mostrar por inteiro. Com ela nada é pela metade.

Vejo arte na menina arteira. Faceira

Um grande sorriso na mulher alto astral

A imensa vontade de ser e fazer

Vejo uma mulher de entradas triunfais: beleza morena. Rara.

Vejo sensibilidade nos grandes olhos, lagos escuros, e um grande luxo em sua simplicidade

Mas Rainha quando é necessário glamour

Ela encanta. Ela única deve ser responsável por centenas e centenas de pessoas, pois cativa...

Ela é simplesmente Maribel, a MariBela!!!!



(Homenagem a artista plástica, apresentadora de rádio e colunista cuiltural Maribel Santos por ocasião de seu aniversário)

Ponto de fuga 2

Foto-João Ferraz

Ponto de fuga(2)




Célia Pires

Por que será que o amor nos deixa bobos a ponto de querermos buscar um ponto de fuga se as coisas não acontecem como queríamos?
Por que ficamos parecendo fruta madura prestes a cair do pé?
Não vemos ninguém à nossa frente. Somente o objeto de nosso desejo e afeto
Vamos aos extremos da valentia e da covardia. Ensimesmados ou extrovertidos demais.
Achamos o dia mais bonito e as noites mais estreladas.
Por que será que o amor nos tira do chão?
Esquecemos a noção do ridiculo
Viramos detetives querendo saber tudo do outro: do que gosta, do que não gosta. Estudou onde meu bem?
Parece que estamos num parque de diversões. Calmos como no carrossel; agitados como na montanha russa ou assustados como num trem fantasma.
Porque será que o amor dá asas à nossa imaginação? Vamos construindo belos sonhos e castelos onde somos a princesa ou o principe encantado
E quando o "amor" se revela mesmo amor, nos mostra que não necessita de tantas perguntas, pois que já é a resposta! Pra tudo!E descobrimos encantados que ele nunca será o ponto de fuga, mas o de partida....

Sentinela

Foto-João Ferraz



Sentinela

Célia Pires

Sonho com seu sorriso, e encontro na sua presença um motivo pra viver. E quando você se sentir sozinho lembre-se de uma verdade: em algum lugar estarei pensando em você... Sempre em sentinela.De atalaia...
Saiba que amar nunca é ruim. É um sentimento que nos aquece o coração.
Sempre nos surge a dúvida: o amor é estrada pedregosa ou suave? Não saberemos até percorrê-la. Nem saberemos o quanto iremos caminhar. Só sabemos que se for amor, só tem uma maneira da gente chegar mesmo que cada um percorra o seu próprio caminho: juntos!

Gota


Foto-João Ferraz

Gota

Célia Pires

Uma gota é como uma sintese:
É fazer o mundo caber na palma da mão
Sentir o sabor do todo num único pedaço
Uma imagem valendo por mil palavras
É o palito, já queimado, representando a cinza, talvez a última chama
É
capturar com um único olhar a sua essência
É saciar toda a sede do mundo com um único copo
E dar a volta ao mundo com um único passo
Fazer um grande amor caber em dois corações!
E o oceano caber numa numa só gota...

O encontro


Foto-João Ferraz

O encontro
Célia Pires


A vida é isso: um grande encontro.Não importa se aqui ou ali.
Da abelha com a flor. Do inusitado com o inesperado.
Da simplicidade com o glamour.Do rio com o mar.Do bem com o belo.
Da ação com o efeito. Dos passos diferentes numa encruzilhada!
Da água com o vinho.Do pecado com o original.Da sua boca com a minha
Da alegria com a tristeza.Da paz com a guerra.Das amarras com a liberdade.
Do negro com o amarelo. Do amarelo com o vermelho.Do vermelho com o branco.Do branco com o negro e assim nesse grande caldeirão de vidas vão se promovendo encontros dentro de encontros. Ás vezes, um outro discriminador racista quebra esse círculo que o amor ao encontrar a esperança trata novamente de fechar...

Tem coisas..



Foto-João Ferraz

Célia Pires
Tem coisas na nossa vida que são
como fósforos, uma vez apagados...

Tem coisas que só a gente sabe porque está sentindo, mas mesmo assim fingirmos não sentir tanto. Escondemos a angústia, engolimos lágrimas. Resultado: uma ferida que se abre em nosso peito. Mas qual é o remédio? Ir convivendo com a dor já que não podemos ignorá-la?
Quando achamos que o poço secou eis que surgem novas gotas de esperanças e é nisto que consiste nesgas de alegrias que só nos fazem florescer.
Parar e perguntar: "Porque eu?" Não, não resolve nada. Só gera mais angústia e nos faz sentir que somos impotentes diante de certas adversidades da vida.
Pular a pedra do nosso caminho é fugir das nossas responsabilidades. O que fazer? Tropeçar nela? Chutá-la? Não. Carregá-la, pois este é o nosso destino.
Uns tem uma pedrinha, outros uma montanha. Injustiça divina? De jeito nenhum!
Se encontramos alguém para dividir o peso ótimo, senão é seguir adiante. Pés firmes no chão. Cabeça erguida e sem medo de errar.A vida da gente e dos nossos não é loteria. Não podemos contar com a sorte, por isto que a fé é tudo. Se a temos estamos protegidos. Mas nada acontece sem luta. Não vai pensando que sem um esforço a fé vai remover a montanha sozinha! Ledo engano!
A vontade de,às vezes, nos escondermos num canto e chamar por e pela mãe é tão grande, que nos transformamos em pequenas crianças grandes, mas, infelizmente, nos lembramos, que uma vez adultos, cabe a nós mesmos resolver nossos problemas. A mamãe pode dar colo, pode até dar dinheiro, mas dentro de nós só cabe a nós.
O bom é que no meio do caminho encontramos professores e lições são ensinadas, lições são aprendidas. E como toda escola, a vida tem lições por vezes amargas.
Como disse um poeta, a vida não tem estágio não, o ontem não se repete. Podemos começar de novo e este recomeço é presente divino.
Se procuramos atalhos e tentamos driblar o inevitável queimamos etapas importantes e, ao invés de adiantarmos nosso crescimento, só atrasamos a trilha nossa de cada dia.
Nessa grande cozinha que é a vida é preciso saber dosar tudo, para não corrermos o risco de salgarmos sentimentos alheios e pior, as nossas próprias emoções!

Comida


Foto-João Ferraz


Comida

Célia Pires

Uma das coisas mais apetitosas em você é seu sabor gostoso que parece que derrete na boca como um delicioso chocolate que de tão bom a gente pede Bis.
Você é saboroso.Apetitoso!Preso nas minhas teias vai nascendo um desejo de experimentar de novo e de novo!
Dá uma vontade de ir te saboreando 'fatia' por 'fatia' como canibal. Mas de mentirinha!
Dá vontade de te tirar uma casquinha e nos transportarmos para um mundo crocante,de sabores divinos, inesquecíveis e repetir, repetir e repetir, até explodirmos de puro prazer gastronômico!
Você é como um verdadeiro pão de mel:dá vontade de dar pequenas bocadinhas, ir saboreando aos pouquinhos para o sabor durar mais!
Você parece ser feito de puro prazer, de verdadeiras delícias, de um sabor único.
Você é delicioso. Suculento!Um manjar dos deuses.Por isso vou te devorar sem culpas e pensar: oba comida! Que se dane a dieta!

Depois da chuva


Foto-João Ferraz


Depois da Chuva

Célia Pires
Uma única gota denuncia a enxurrada que acabou de derrubar as minhas últimas barreiras tão fortemente construídas. Eu estava segura. Não esperava mais surpresas em minha vida, muito menos surpresas do coração.
A minha única preocupação era estar sempre bem fisicamente para não ter nenhum contratempo. Assim, meu saudável coração ia batendo sem sobressaltos.
Até que um dia, inesperadamente, ele foi tomado de assalto. Roubado inescrupulosamente. O Amor, bandido, foi se instalando sem pedir licença. Descompassado, sem alternativa,meu coração sucumbiu,mas espontaneamente se fez de refém.
Quando percebeu o Amor já mandava no pedaço e imperioso ordenava que a Solidão saisse imediatamente. Chovia. Mas ele não teve piedade.Queria o domínio total. E teve.
Assim, não somente a Solidão, mas a Tristeza e toda poeira que amargava minha vida tiveram que desocupar os espaços.
E hoje, só sei que depois da chuva só sobrou daquele dia uma única e preciosa gota a quem dei o nome de Felicidade...

Quando você chega...

Foto-João Ferraz


Quando você chega

Célia Pires

Quando você chega é como festa de pardais. É como se a esperança de felicidade chegasse junto. O ar se torna mais leve e fica gostoso respirar o mesmo ar que você respira.
Quando você chega queria ser um vidente para ler seus pensamentos e saber: será que pensa em mim tanto quanto eu penso em você?
Quando você chega é como se a poesia mais bonita fosse feita em forma de gente. A vontade de mergulhar em seus versos e rimar nas estrofes de seu corpo é tentadora!
Quando você chega é como se uma estrela iluminasse tudo.Gostaria , muitas vezes, de ser escuridão só para você fazer brilhar o meu céu.
Quando você chega meu amor tem forma e razão de ser. Você é como música boa embalando meu viver. Sem você tudo é silenciosamente triste.
Quando você chega sinto que a minha vida está completa. Muitas vezes nuvens negras atrapalham nosso convivio, mas o que é a perfeição? Só o amor. E é neste amor que quero te ter.
Quando você chega meu mundo se transforma numa grande festa. E nessa recepção, o anfitrião,meu coração só abre espaço para um único convidado...Você!

Padrão




Foto-João Ferraz

"Padrão"




Célia Pires


Mórbido. Macabro. E não é mais uma história de amor. A maldade entre as pessoas vem se tornando algo padrão. E a ferida do dissabor que se forma nos que são atingidos é tão grande que quase não existe remédio para cicatrizá-la a não ser o perdão.Pois mesmo protegidos por sua grande fé ficam chocados com a maldade alheia, com a inveja, com os desmandos, com a prepotência que vem tomando conta daqueles que acreditam que por meios ilicitos podem tudo.
Mas onde encontrar forças para esquecer, não dar o merecido troco e deixar para trás quem deliberadamente, de livre e espontânea vontade, quis enterrar suas vitórias conseguidas com tanto sacrifício?
Nos perguntamos o que é que está acontecendo com o mundo? Pessoas se travestem de amigos, roubam nossa energia, mascaram sofrimentos e por fim quando descobrimos as verdadeiras intenções, vamos perceber que queriam aquilo que era nosso, que de uma forma doentia, ao invés de galgarem sua próprias conquistas, queriam simplesmente usurpar o que conquistamos á duras penas, durante anos, muitas vezes levando um tombo aqui outro ali, mas sempre dispostos a nos levantarmos e seguir em frente.
Estamos, infelizmente, vivendo num mundo onde temos que confiar desconfiando. Muitos querem ser, mas poucos querem fazer.
Sabe, chega uma hora em que vamos nos cansando de engolir tantos sapos, chega uma hora em que como diz a música, a taça está cheia e já não dá mais pra engolir...Cansamos.
Vamos repensando por que razão as pessoas nos agridem. Não fisicamente, mas de uma forma bem pior, pois nos machucam por dentro, ferindo o mais profundo de nosso intimo, como se não merecêssemos estar onde estamos. Mesmo que seja no primeiro degrau dessa imensa escadaria que é a vida.
Não sei como tem gente que tem coragem de perguntar se estamos bem com o coração transbordando de raiva por nossa pessoa, querendo que a gente esteja à sete palmos. Como conseguem ser tão dissimulados?
Dizem que o mundo está sendo comandado pelo Mal, digo que não, pois cada um de nós nasce com o chamado livre arbítrio, ou seja, você comanda suas ações para o bem e para o mal.É muito fácil apertar o gatilho e colocar a culpa no Coisa Ruim. Muito providencial.
Eu, de minha parte ando muito decepcionada com certas pessoas, mas sinto que a culpa é minha, pois as deixei, em algum momento, livres para me tomarem as rédeas, mesmo que por alguns segundos. Aprendi pela dor que o estrago só precisa disso: alguns segundos.
Mas eu tenho fé de que as coisas mudem. Para melhor lógico.Que cada um lute por aquilo que almeja. Honestamente. Difícil, mas não impossível.
E que não queiram pura e simplesmente matar, sim matar os sonhos do outro, por que a lei da ação e reação já foi confirmada uma infinidade de vezes. Então, se for por amor voltará amor e se for na maldade...

Meu melhor amigo

foto-João Ferraz

Meu melhor Amigo

Célia Pires

Meu melhor amigo não é para ficar trancado a ‘sete chaves’. É para ficar solto no ar.
Defini-lo seria impossível, pois ele é uma mistura de sonhos, magia, verdades, de poesia.
Ele criou a Terra, o Mar, o Céu, as Estrelas, , os Campos, as Serras e as cores das flores...
Meu melhor amigo é quem me dá forças para continuar lutando, nadando contra as correntezas da vida. Ele ‘soprou' vida em nós e eu creio em suas mensagens.
Meu melhor amigo me compreende, somente Ele sabe de todos os meus sonhos e segredos.
Meu melhor amigo é Esperança, não é só a chama de uma vela. É um Sol que iluminou o meu mundo.
Meu melhor amigo existe em cada parte do Universo. Ele é o Universo e deveria viver em todos os corações, como vive e existe no meu. Eu posso sentir a sua suave e forte presença e a benção de seu lindo sorriso.
Meu melhor amigo é Realmente o meu melhor amigo, não, não é imaginário ou coisa qualquer. O MEU MELHOR AMIGO É DEUS....

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Na velocidade da queda





Foto- João Ferraz

Na velocidade da queda

Célia Pires

Quantas vezes você sente vontade de chorar, mas procura outros subterfúgios para preencher suas angústias?Cuidado, pois na velocidade da queda podemos esbarrar em sofrimentos desnecessários!
É difícil, mas não aceite a dor, por que isso sufoca as esperanças e todos os nossos sonhos.
Pare. Repare, sinta o que há ao seu redor. Se não houver nenhuma presença física, apegue-se à natureza. Não é só você a sofrer neste mundo.Quando desvalorizamos as lições parece que a velocidade da queda se torna ainda maior!
Às vezes, você quer ser de novo criança e ouvir a voz carinhosa de sua mãe lhe chamando para comer ou então lhe fazendo afagos.
Saiba que somos nós que construímos o céu ou o inferno dentro e fora de nós.Somos nós que estamos com o pé no breque, que imprimimos velocidade à queda. Por isso se conscientize que você também é responsável por se tornar ou não uma pessoa melhor e que depende de você se permitir que o amor entre e faça de você uma de suas moradas.Depende de você não somente a velocidade da queda, mas saber dar um vôo rasante e não cair, não cair...

terça-feira, 22 de junho de 2010

Minha mãe


Foto-João Ferraz


Minha mãe

Célia Pires
Perdi a minha mãe faz mais de 20 anos e não há um só dia em que eu não me lembre dela.
Quando éramos crianças minha mãe, sim minha mãe, já nos preparava para o que chamam hoje de bulling. Ela nos ensinava a não deixar que ninguém nos magoasse e nos ensinou a lutar. Literalmente e na teoria. Quando não entendiam nossos argumentos usávamos o braço.
Você não imagina o quanto aquilo, não digo a violência, pois só a usávamos quando estritamente necessário para nos defender daqueles metidos a maiorais, nos fortaleceu como seres humanos.
O bom também é que ela nos ensinou que um irmão sempre tinha e deveria defender o outro. Então, imagina: erámos em oito. Uma escadinha de irmãos, na idade e no tamanho. Se alguém mexia com um tinha que se ver com os outros sete. Éramos uma laia. De irmãos. Defensores e heróis uns dos outros.Essa união sempre nos fortaleceu.Quando nos momentos mais dificieis, quando achava que ia desabar, lá estava um irmão, uma irmã a postos para ouvir. Ajudar!
Como éramos crianças felizes: minha mãe fazia um pão feito em casa que se a gente jogasse na parede, desabava a casa. Mas era o pão que a mãe tinha feito.Por isso Sagrado!
Quando havia festa na escola, ela nos preparava uns bolinhos doces fritos, simplesmente horríveis, mas ai se algum colega da escola falasse ou reclamasse. Eram os bolinhos feitos por minha mãe e por isso, a despeito de qualquer opinião que não fosse a dos meus irmãos, deliciosos!
Minha mãe não era uma boa cozinheira como eu. Aprendi a cozinhar com minha avó e minha irmã mais velha, mas quem liga para comida quando se tem uma mãe que alimenta com amor seu coração?
Quem se importa com um pudim de leite durinho e com calda caramelada quando se tem palavras doces de carinho de uma mãe extremosa que defendia os filhos com unhas e dentes? Fomos aprendendo que dessa vida o que fica são os momentos que passamos juntos, muitos ao pé de um fogão de lenha onde ela nos mostrava as delícias de uma batata doce assada ou de uma espiga de milho chamuscada na brasa.
Depois de muito e muito tempo fui sentir o verdadeiro sabor de um alimento como uma pimenta frita, um repolho, uma abobrinha, mas acredite nenhum dos alimentos, por melhor que houvesse sido preparado não tinha o sabor do de minha mãe, pois eram temperados como diz a propaganda com o amor.
Nunca depois de sua partida provamos um pudim de pão como o dela ou uma carne de panela. Inigualaveis. Saborosos.De verdade. Os únicos pratos que preparava com maestria, além da polenta que comíamos como se fosse manjar dos deuses.Temos isso arquivado em nossas memórias como verdadeiras relíquias e até hoje comentamos.
Por isso, que dizemos que mãe é mãe. A minha foi uma guerreira que nos ensinou a lutar contra todos os dragões do mundo. Nos ensinou que ninguém vale à pena de um sofrimento, pois nascemos para ser felizes.
Lembro de minha mãe, eu ainda criança, quando morria alguma pessoa carente e sem dinheiro para comprar o caixão no bairro. Ela percorria casa a casa pegando trocados de uns e de outros. Ia nos vizinhos que tinham flores nos jardins e pedia uma flor. Nunca, se dependesse da minha mãe alguém seria enterrado sem um velório digno.
Muito e muito tempo depois que ela foi 'recolhida' ainda encontramos gente que nem sabemos quem é agradecer pelo que ela fez.
Aprendemos com minha mãe que ser mãe não é ser santa, é antes de tudo ser gente e acima de tudo fazer o bem para os seus e depois para os outros. É mostrar como se dança. Ouvir Amada Amante do Roberto Carlos, cantar com a Gal Costa, e nunca deixar de fazer um bolo no aniversário de cada filho, mesmo que este tenha saído solado.Servir a tradicional pizza de sardinha e Ki-Suco saboroso geladinho!
Ah! que delícia quando chegava junho e minha mãe fechava a rua onde moravámos e convidava todos os vizinhos para fazer uma festa junina. Todo mundo tomava quentão, vinho quente, comia pipoca, dançava quadrilha, cantava. Nunca houve uma briga.
Me lembro das quermesses e de minha mãe pedindo prendas para a barraca da igreja. Sempre solidária. Sempre do bem.Mas que ninguém se metesse com a sua familia. Virava uma leoa. Aliás era uma leonina como eu! Nos ensinou a ter vaidade.Com uma porção de filhos, me lembro que ela costumava esmaltar as unhas bem na hora de sairmos. Era hilário! Meu pai tentando por ordem na turma até que as unhas de minha mãe secassem.
E quando titubeávamos com nossos sonhos ela dizia: "estudem, pois o estudo é algo que ninguém tira de vocês".

Nossa, como minha mãe era demais! Quando ia para Aparecida do Norte levava a minha irmã caçula. Lógico. Mas para não provocar ciúme nos demais filhos dizia que era porque ela tinha boa memória e assim não se perderiam no caminho.Mas nem por isso minha irmã deixava de levar uns cascudos nossos.
Minha mãe foi uma mulher única. Não tinha hora e nem lugar para ajudar uma pessoa.Como havia sido enfermeira, aplicava injeção, acudia um aqui, outro ali.
Adorava, junto com algumas vizinhas, jogar no bicho. Aquilo para nós era um encantamento. Como a mãe sabia os números de cada bicho? Havia sido a sogra, minha avó, que tinha ensinado.Imagine, até a sogra gostava dela! A unanimidade é burra?!Quem liga?!
Lembro que ela acendia um palito de fósforo e o apagava dentro de uma xícara de café, a figura em forma de bicho que se formava era o palpite do dia. Como erámos felizes meu Deus! E quando a mãe ganhava, todo mundo ganhava: iamos correndo comprar pão e mortadela. Um luxo na época e ainda podíamos comprar caramelos e pão doce! Ah! minha mãe quanta falta que você ainda faz! Coisas tão simples, mas tão caras, tão valiosas para levarmos em nossas bagagens!
As lembranças alimentam ainda mais a saudade.Lembro da sua surpresa quando meu primo a levou para conhecer o mar. Parecia uma criança que havia acabado de ganhar um brinquedo. Ia molhando os pés aos poucos... Você foi tão cedo mãe.Tinha pouco mais de 40 anos. Mas o tempo em que conviveu com a gente valeu cada dia, cada hora, cada minuto e cada segundo!
Quando quis fazer faculdade tinha que ir para São Paulo. Pintou a indecisão. O medo, o pavor da caipira diante da cidade grande. Mas minha mãe disse: vai filha e se alguma coisa não der certo, lembre-se de que as portas da nossa casa sempre estarão abertas pra você.
Me lembro até hoje do seu aceno na plataforma da rodoviária observando o ônibus sair. Dos seus grandes olhos castanhos, dos seus grandes olhos castanhos...de fingida indiferença, mas aguentando firme!
Mas na vida, como se diz, nada se perde, tudo se transforma e a força que minha mãe tinha se alojou em cada um de seus filhos, em uns mais, em outros menos. Aprendemos a lutar.Por justiça. Sabemos perder e sabemos ganhar, mas acima de tudo sabemos que sem luta nada se consegue e se consegue, logo acaba por essa ou aquela razão,pois que a vida ensina pelo amor ou pelo dor.
Fomos aprendendo com ela que ao longo de nossas existências que ser mãe não é somente parir e sim permanecer viva quando se tem que partir...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Flor da fada


Foto-João Ferraz

Flor de fada

Célia Pires
Não tenho cercas, mas muitas vezes me encerro, me aprisiono dentro de mim mesma.
Forte, mas às vezes em total desamparo me vejo carente. Desamparada querendo um colo morno. Macio. sou Flor de Fada. Fada em flor. Flor em fada.
Vou aprendendo que a vida não é somente uma história. É a minha história!
Tantas vezes gostaria que ela fosse como diz a música, ladrilhada com pedrinhas de brilhantes.
Mas, às vezes, ela é enfeitada com um tapete ornamentado com crises pavorosas.
Muitas vezes, quero uma vida nova como se eu tivesse nascido agora mesmo, mas não ao ponto de voltar ao útero, à semente, e sim no momento crucial quando eu estava na encruzilhada de mim mesma.
Fui arbitrária. Juiza de mim mesma me dei cartão vermelho várias vezes, mas nunca desisti do jogo. Nunca. Nem sempre a grama estava verdinha, nem sempre os jogadores me respeitaram, mas não desisti e não desisto. Não mesmo! Sou atacante, mas também jogo na defesa. Em minha defesa. Sempre tem um ou outro querendo derrubar a gente na área e nos impedir de fazer o gol. Se esquecem daquela verdade absoluta: o importante é jogar. Ficar no banco de reservas nunca foi a minha!
Ás vezes quero voltar pra casa. Recolher as pétalas. Murchar! Ensimesmada me lembro que não importa onde eu esteja se eu estiver bem comigo mesma, bem com minha própria companhia. Linda como uma fada. Fresca como uma flor. Enraizada em minha própria fé.Vou cortar as amarras e deixar de ser fantoche de mim mesma, pois muitas vezes me engano, me iludo com um céu de algodão!Com adubos que só fazem crescer o sofrimento!
Ás vezes tento cortar as amarras de angústias. Ah! como elas pesam! Mas fazem parte daquilo que sou. Também tenho muita coisa bonita por dentro. E por fora!Também tenho um coração. Quero ser bem amada. Adorada. Quero ser flor. Quero ser fada. Flor de Fada! Isso não é pedir muito. Quero alguém que me regue com carinho e amor! Que fale a minha a minha língua sem importar em que país estou!
Mas ainda espero um doce bavejar de esperança. Ainda espero ter forças para conseguir abrir as torneiras que poderão lavar a minha alma de toda e qualquer dor. E fazer com que as flores se abram. Belas. Esplendorosas.E vai jorrar tanta água que ela vai transformar tudo num grande mar e vai impulsionar o barco ancorado no porto do meu eu e uma grande onda vai levá-lo por esse mar adentro e fazer com que a minha vida dê aquela esperada guinada de 180 graus. Vou enfrentar os tubarões, vou nadar com os peixinhos. Vou mostrar que nem tudo é espinho, que há o doce e inebriante aroma da Flor. A sedução da Flor.A Flor de Fada. E quando isso acontecer, todo o amargor congelado em minha boca vai se derreter e vai ser tanta emoção jorrando que vai ser impossível traduzí-la em palavras...

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Visão



Foto-João Ferraz

Visão


Célia Pires

Enquanto te espero vou ensaiando palavras bonitas e carinhosas, mesmo sabendo que ao você chegar as palavras não sairão e ficarei muda. Os olhos brilhantes de pura contemplação imaginando se você saberá ler o que eles querem " dizer".
Enquanto te espero me sinto rica e penso que vou ter em minha frente um tesouro.
Enquanto te espero minha vida entra em suspense, mas o filme é de amor...
Vou me sentindo como o sol à espera do amanhecer para surgir; um rio que logo encontrará o mar; o ser solitário que encontrou a alma gêmea; a abelha que encontrou o néctar da flor.E quando finalmente você chegar, ai sim é que vou esquecer as palavras, perder a fala.Por um momento acredito que nosso silêncio vai dizer tudo que nosso olhar pedirá tudo.
De repente abro os olhos e percebo que tudo não passou de uma vertigem.De uma visão. Olho e vejo o ponto de encontro vazio de nós dois.
Não quero mais pensar. Retorno á vertigem. Só quero sentir. Então, em minha visão docemente vamos recuperando o tempo de espera. Não há mais expectativas. Só a certeza de que te esperar valeu à pena...mesmo somente em minha visão, em minha visão!

Grandiosidade


Foto -João Ferraz

Grandiosidade


Aprenda que a vida é muito mais que chorar e sofrer por coisas que deixamos de conquistar por um motivo ou outro. Ela tem grandiosidade. Saiba que você por si só já é um feito, um presente. Um bom presente.
Das muitas lições que temos que aprender, uma das mais úteis, simples e óbvias é respeitar o tempo de cada coisa: o nascer do Sol, o desabrochar da flor, o crescimento de cada ser. Respeite o seu tempo. Para ter e merecer grandiosidade.
Você merece chegar ao topo da montanha chamada felicidade.
Fique atento ao momento em que você possa ouvir a grande valsa da vida e dançar livremente sem passos ensaiados. Quando chegar esse momento, se levante altivo e diga para si mesmo: eu sou filho do universo, irmão das estrelas e mereço estar aqui. Em toda essa grandiosidade!

Só moscando


Foto-João Ferraz

Só moscando...

Célia Pires

Não somente asas sobre asas. Não só o corpo sobre outro corpo só moscando. Mas coração no e com coração. Acelerado. Pois o amor não é só copula.Vai além dos lençóis macios, da cama dessarrumada pelo prazer!
É ser inundado por maravilhosas sensações. É ter no outro o ser mais precioso. Como se dar a quem não nos conhece, se o amor é o encontro de almas que se (re)conhecem?

Festa na flor



Foto-João Ferraz


Festa na Flor...




Célia Pires




Compartilhar todos os momentos contigo é como viver em pétalas tal qual lençóis macios. Pétalas cheirosas. Gostosas.
Ter a emoção da sua presença a cada dia é como viver em um jardim florido. É esquecer que existe a solidão da alma. Do corpo.
É nunca querer ficar longe de casa muito tempo. Você está à minha espera. Com o néctar da flor...
Saber que meu ser é querido. Sem rodeios. Sem falsas palavras. Por você.
Saber que em seus braços encontro o aconchego. Descanso. Em sua voz, a mais linda melodia.
E saber que alguém me compreende. Que posso ser o que sou. Sem artificios.
Saber que em meu caminho há você que me dá todo o amor que preciso. Isto sem dúvida nenhuma é viver...É festa na flor...

Concentração

Foto-João Ferraz

Concentração

Célia Pires

Tal qual um bicho zonzo pelo veneno da prisão estou parado. Em total concentração. As dúvidas me assaltam. Me roubam a vontade de ir voar para longe. Quero ficar. Aterrissar em você. Entrar em pane. Queda livre de prazer.Descobrir lençóis que nos sirva de base para alçarmos vôos que nos leve ao ápice e nunca nos tire do enlevo da paixão...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Iguais




Foto-João Ferraz


Iguais

Célia Pires

Lógico que ao ler esse mensagem vai dizer que sou louca, mas e eu com isso? Já levei espinafrada pior!
Na verdade, se não pergunto meu coração não fica em paz:você está bem?
Embora eu quase sempre pareça esse ser estranho me preocupo com as pessoas de que gosto a despeito delas rejeitarem esse querer.
Aprendi que é buscando o bem de nossos semelhantes é que encontramos o nosso.
Ás vezes me magoa uma desfeita, mais me lembro de novo que não sou eu quem a está cometendo. Então continuo a minha caminhada, pois a vida é curta demais para ficarmos com mágoas e rancor no coração.
Sei o quanto é difícil as pessoas gostarem de mim, me aceitarem como sou. Mas entendo que o diferente, assim como ETs feitos eu, na maioria das vezes é discriminado. Mas chega uma hora em que a dor não mais existe e passamos somente a lamentar as sementes que pessoas preconceituosas estão plantando num mundo que deveria ser somente de alegrias, de solidariedade. De felicidade. Não é utopia pensar assim. Não mesmo!
Como pode alguém não olhar no rosto e deixar de conversar com um irmão por um motivo futil e que consideram tão importante?
Vai chegar uma hora em que aquele oi que não foi dito vai fazer falta, que aquele agradecimento que não foi falado vai pesar. O pior é que é um sofrimento que se prolonga como um câncer que poderia ter sido extirpado no começo com um simples pedido de desculpa.
Mas parece que voltar atrás é como uma flecha atirada, mas não é. Tolos são os que pensam assim. Como perdem momentos tão importantes da vida!
Eu daria tudo para ter minha saudosa irmã aqui do meu lado.Um aneurisma a levou para 'a terra dos pés junto'. Nossa como ríamos, como brigavamos, mas logo as pazes eram feitas. Porque erámos irmãs e não há nada mais importante do que um irmão!
Uma amiga minha me contou que amou verdadeiramente somente uma vez.Uma vez em toda a sua vida. Ficou feliz ao descobrir que não tinha um coração estéril, mas triste por aprender da pior forma possível o sabor da rejeição!
Claro que não é porque você se apaixona por uma pessoa que a reciproca tem que ser verdadeira como diz o velho chavão, mas saber ser rejeitado e sem a minima chance é uma lição dura demais para um amor.
Ela me conta comovida que ainda estão frescas em sua memória a reação do seu bem querer comunicando que ela estava criando uma situação em que o estava incomodando e que
apesar de respeitar seus sentimentos ele estava se sentindo muito mal com aquela situação, pois não queria ser cobrado em atitudes, não queria ter culpas que não cometeu. Pedia que parasse. Com muito custo ela reconheceu que ele estava coberto de razão. Camuflou o amor.Ela não tinha o direito de fazê-lo se sentir mal. Ainda dói em sua alma a fatidica frase: 'eu peço que pare,estou me sentindo mal com isso tudo,obrigado'.
É minha gente, se fosse outra pessoa teria sucumbido, teria acreditado que o amor é algo ruim. Mas não ela. Me surpreendeu, mesmo tendo passado por uma série de sentimentos sucessivos: do amor à rejeição da pessoa eleita por seu coração.
Não pense não que ela se revoltou. Não mesmo.Até tirou proveito, pois mesmo não tendo o objeto de seu desejo ficou grata por poder ter sentido o sabor de amar. Descobriu que o amor nunca é ruim. Ele é doce. É morno, confortável
como uma velha cadeira de balanço.
Me diz com toda autoridade que esse sentimento lhe provocou uma força tão grande que teve coragem de confessar, mesmo ouvindo um não e nem pensa que errou ao declarar seus sentimentos:
Você acha que eu sou louca me pergunta?Respondo que tenho certeza!
Ela me pergunta o que fez de errado. E ela mesmo responde quase que de imediato: Nada. Talvez não fosse pra ser. Só tem a certeza de que nunca vai mudar a sua forma direta e verdadeira de ser; que não vai parar de rir e gargalhar quando tiver vontade e que não vai abrir mão de ser ela mesma por que antes do amor pelo outro existe um amor ainda maior, o amor por si mesma!
E que o caminho da paz, como diria Ganghi, é o caminho da verdade e como ela mesma diz, foi um Ser Supremo que nos fez iguais e cabe a cada um de nós fazer a diferença e provar que vale á pena viver...com amor e no amor...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Teia

Foto- João Ferraz

Teia


Célia Pires

Preza limites, embora não seja limitado.
É discreto, tão misterioso e reservado que é um convite querer desvenda-lo
Se ama, não gosta muito de falar e nem de demonstrar, mas por vezes deixa escapar um tom de profunda e morna ternura rasgando de prazer o coração de sua eleita, pois o momento é raro.
Tripulante de uma embarcação que pode jogar ou levantar âncora a qualquer momento. Um viajante do tempo sem precisar sair do lugar.
Muitas vezes o olhar vaga em penetrante melancolia e ele luta para içar os sonhos de volta e de novo e de novo parecer alguém simplesmente normal. Mas sabe que não é fácil retomar a rota desviada, tecer o fio tênue da esperança.
As imagens que produz ganham um colorido a mais, pois quer acreditar num mundo colorido. Muitas vezes mascara a realidade para não masca-la e engoli-la de uma vez e vomitar a sua desesperança, os seus queixumes que ele e somente ele sabe que carrega em sua própria teia.
Tantos sonhos de menino, tanta coisa o fascinava, mas o canto da sereia o atraiu e o traiu o marcando para sempre, mas ele nega essa verdade a si mesmo para não sucumbir. Pensa que foi tolo!Mas não sabe que ninguém é tolo quando acredita no amor que dá forças para qualquer desafio.Embora se engane, ainda não conseguiu se soltar dessa teia de rejeição e perguntas não respondidas.A solidão parece ainda ser a melhor companheira. Está enganado e sabe disso.Mas o canto da sereia ainda ecoa em seus ouvidos trazendo dúvidas se vale a pena ser par ou ímpar!
O corpo é forte e essa busca pela perfeição pode virar uma doença como um barco perdido num imenso mar, pois todos os outros sentidos são subjugados, esquecidos. Não importa a simpatia, a verdade, a dignidade. Só essa beleza externa. Só mansão, mesmo que a felicidade esteja na casinha branca de sapé. Poesia pra que?
E é esse amargor que muitas vezes o paralisa, que o torna trágico,que lhe arranca o açúcar que poderia fazer a doçura do bonito olhar.
E assim, mesmo lutando contra o tempo, as rugas de seus próprios desenganos vão fazendo sua morada, os cabelos outrora coloridos vão se tingindo de prata a despeito de sua vontade.
Preso na teia do tempo que é inexoravel!
Mas ele ainda não aprendeu a lição, pois é um dos melhores, mas não é o único.Ás vezes se cansa de tanto correr atrás.O mundo se torna muitas vezes injusto demais. Sinistro? Sim.
Mas é a vida. A vida que mostra que devemos olhar entorno de nós mesmos e reconhecer que não somos deuses, que devemos de vez em quando agradecer um gesto feito com ternura, sorrir mais e com verdade e simplesmente valorizar a amizade, a amizade consigo mesmo, que também pode ser e é uma das mais bonitas formas de amar...de se amar...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Flor da Liz

Foto-João Ferraz

Flor da Liz


Célia Pires
As coisas que mais adoro nessa vida, depois de escrever, ler e cozinhar é cantar e dançar.
Para uma pessoa tímida como eu isso seria um grande obstáculo. E é.
Quando nos expomos é como se realmente estivessemos no interior de um imenso aquário cheios de milhares de peixes e o único que está sendo observado é a gente. Mas quando essa vontade de cantar e dançar me bate penso: e eu com isso? A vontade de soltar a voz e o corpo suplantam até o medo do ridiculo.Se desafino? Sei lá. Se não dou os passos certos? Estou pouco me importando. Coloco para minha própria proteção "óculos escuros" invisiveis. Ai me transformo num peixe ou porque não numa sereia? E há até quem ache que sou uma mocréia se exibindo. Mas não tô nem ai para os bloqueadores da felicidade. Em tudo colocam maldade. Sou a Flor da Liz ou seria Flor de Liz? Tanto faz. Quero colorir a flor da minha existência. O que interessa é o desabrochar para o que considero ser alegria. Me importo com você, mas se não quiser me acompanhar, sei seguir sozinha!Valei me Deus!
Cabe a cada um de nós querer estar observando ou sendo observado fora ou no interior desse imenso aquário que é a vida,cabe a cada um de nós ser a pesca ou ou ser o pescador...

Primeira hora

Foto-João Ferraz


Primeira Hora

Célia Pires

Na primeira hora, o despertar. A primeira lembrança: seu rosto.
Creio e sinto não ter dito a verdade inteira, a que te amo, e a primeira dor me invade: remorso.
Ao abrir as janelas olho a paisagem ainda deserta das ruas e sinto como se fosse minha essa primeira hora, pois solitária, melancólica.
E essa primeira hora que não maldigo, pois me traz você. Essa hora segue a sua rota natural e avança deixando vir os primeiros raios de sol ou uma chuva miuda dependendo do humor do céu!
Mas, embora as horas passem, a minha vida permanece paralisada nessa primeira hora onde ficou em suspense a pálida esperança, a minha grande ambição de te ver voltar na mesma primeira hora em que partiste.Saudade.
Mas não se pode ficar atada somente à rede de lembranças, pois a vida é como um mar onde as ondas vão e vêm.Nem sempre mansas. É preciso remar contra a dor, mesmo que os sentimentos estejam calejados. E é preciso fazer dessa vida a cada dia, o espetáculo pelo qual se vale à pena viver, desde a sua primeira hora, sim,desde a sua primeira hora...

Alegria no chão


Foto-João Ferraz

Alegria no chão


Célia Pires

Lembra quando a gente era criança e alguém aparecia com um pedaço de pão ou uma guloseima qualquer e ,às vezes, antes de algum colega dizer não a gente gritava : Metadinha?
Mas também tinha uma outra palavra que a gente gritava quando não queria repartir. Não me recordo qual. Que pena!Mas acho que era, segundo meu irmão: 'licencinha'.
E nesses gestos e atitudes de repartirmos ou não é que fomos forjando nosso caráter, nossa maneira de ser.
Sabíamos exatamente quando alguém queria nos sacanear e vinha com as mãos cheias de um pedaço apetitoso de bolo que sabia fora do nosso alcance e já destruia nosso sonho de sabores, antes mesmo que a saliva se formasse em nossa boca. Sim, as crianças sabiam ser cruéis, mas também sabiam despertar o que mais bonito havia dentro de cada um de nós: a solidariedade!
Sim, erámos solidários quando não ganhávamos o desejado pedaço da guloseima, quando erámos esnobados pelos bambambans da escola, quando morríamos de medo dos meninos das laias atrevidas, dos estilingues com suas mamonas ou pedregulhos certeiros e quando simplesmente queríamos ser simplesmente crianças e ganhávamos os campos, os rios. Virávamos índios, bandidos, mocinhos. Nadadores dos lagos. Pescadores de girinos. Heróis do mato. Músicos de latas de óleo. Atiradores de macarrão. Eramos nós na fita. Erámos nós que não nos importávamos com a alegria no chão que podia surgir de uma partida de bolinha de gude, do futebol, de brincar de queimada,escalando monte, mas de grama; esconde esconde ou apenas de um ingênuo tombo de um palhaço. Eramos nós no filme mais bonito de nossas vidas: a INFÂNCIA...
Muitos cresceram e se esqueceram, mas outros ainda estendem a mão para aquela criança que ficou escondida dentro de si mesmo num cantinho inesquecível, confortável, morno e gostoso, e a convidam para vir brincar em seu quintal...ai é a alegria de volta...alegria no chão 'macio'da memória!!!

sábado, 5 de junho de 2010

Poeira leve


Foto-João Ferraz

Poeira leve


Célia Pires

Tem tanta coisa triste que trago na bagagem.
Percebo que não mais me machucam e não atingem mais o órgão vital, o coração.
Muitas vezes queria que você entendesse que não queria somente desfrutar do seu corpo, mas da sua alma. Comungar sentimentos. Sorrir contigo. Mas você não entendeu.Talvez assustado, o 'juntos para sempre' tenha lhe provocado medo. Mas quem pode saber o tempo que vai durar?Do amor, espera-se que dure para sempre, a despeito do medo, a despeito das contas para pagar, pois nem tudo é só sonho.
Tem tanta coisa triste que trago na bagagem. Pensei que a sua indiferença, assim como o sorriso que você não me deu e o adeus que você não pronunciou a cada dia que saia não tinham me machucado. Me enganei feio!
Só hoje percebo que esses fragmentos de descuidada atenção me feriram com uma lança pontiaguda demais, que perfuraram até a esperança que existia em mim.Que era inteira, integra.
Sonhava que um dia, como por um milagre, você me veria tal como eu era e sou: uma apaixonada. Por você.Quantas vezes não esperei um doce carinho e fiquei com as mãos vazias?Sempre e sempre.Mas artistas de araque como eu não percebem o papel de tolos!
Bandida, fui desonesta comigo mesma. Deixei você roubar meu sossego. Porque fui gravar o seu rosto em minha mente? Porque me deixei encantar com o brilho dos olhos teus? Pensei que você seria meu guia nesse mundo. Mas eu nunca existi pra você. Mentira. Existi sim. Eu era um incomodo que te atormentava até você pedir para eu parar de tentar ter você pra mim. Esse banho de água fria até hoje não secou e por incrivel que pareça não conseguiu apagar dessa triste bagagem que carrego essa poeira leve chamada amor... sim, essa poeira leve chamada amor...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

O mágico brilho do seu olhar


O mágico brilho do seu olhar

Com encanto de menino ele capta a magia da luz como se fosse coisa facil.
Ah! Mas menino bom de fazer mágica assim é coisa rara de se ver!Sim, uma coisa rara de se ver!
Um dia vi uma coisa tão bela que nunca me esqueci: num lance perfeito, o sol incidiu seus poderosos raios diretamente num de seus olhos e o verde deles parecia um pedaço de luz. Viva. Uma esmeralda perfeita.
O momento foi fugidio. Mas se eternizou em mim como uma das paisagens mais lindas que já vi...

terça-feira, 1 de junho de 2010

Me dá um abraço?


Foto-João Ferraz
Me dá um abraço?

Célia Pires

Um sentimentalismo barato me invade. Algo em meu intimo me adverte sobre ser piegas, mas não dou ouvidos ao sinal. Quero que quero um vento manso e morno me agitando os cabelos como uma caricia.Rio de mim mesmo bem antes, muito antes que alguém ria de mim.Cansei de ser triste!
Mas sorrir custa muito. A dor é cara demais. Real demais para simplesmente ignorá-la.
Esse ricto,esse esgar de dor em meu rosto é confundido com caretas, trejeitos, micagens. A platéia vem abaixo de tanto rir.Mas eu mesmo me transformei numa miragem de mim mesmo.
Sufoco todo o sentimentalismo que me invade.Preciso estar sempre fugindo de mim mesmo para não ser esmagado por essa dor. Mas para onde ir?
Sei onde ir. Mas seria bem vindo? Ainda me pesa a lembrança de você me deixando falando sozinho, com o amor engasgado na garganta. Aquele ato quase me matou, quase me fez desacreditar de mim mesmo. Mas logo vi que não devemos insistir em sorver aquilo que pode ser um remédio amargo travestido de mel.Só queria te dizer: vem cá me dá um abraço? Mas tudo me foi negado. Você caminhou em sentido contrário à sua vítima achando que a vítima era você. Quanta pretensão de minha parte achar que poderia fazer parte de sua vida. Ser palhaço, fazer da vida um circo cheio de alegrias e te fazer gargalhar de prazer todos os dias. Mas letal, você foi a bomba atômica explodindo na Hiroshima de meu coração.Destruição total. Da esperança. Dos sonhos loucos num belo picadeiro!
Depois de tudo, ainda me sinto seu. Lá no meu intimo está guardado um baú a sete chaves que não me permito, que não ouso abrir, além disso está a vontade de gritar com todas as forças dos meus pulmões: vem cá me dá um abraço em troca de todo imenso amor que ainda sente esse palhaço!!