quinta-feira, 24 de junho de 2010

Depois da chuva


Foto-João Ferraz


Depois da Chuva

Célia Pires
Uma única gota denuncia a enxurrada que acabou de derrubar as minhas últimas barreiras tão fortemente construídas. Eu estava segura. Não esperava mais surpresas em minha vida, muito menos surpresas do coração.
A minha única preocupação era estar sempre bem fisicamente para não ter nenhum contratempo. Assim, meu saudável coração ia batendo sem sobressaltos.
Até que um dia, inesperadamente, ele foi tomado de assalto. Roubado inescrupulosamente. O Amor, bandido, foi se instalando sem pedir licença. Descompassado, sem alternativa,meu coração sucumbiu,mas espontaneamente se fez de refém.
Quando percebeu o Amor já mandava no pedaço e imperioso ordenava que a Solidão saisse imediatamente. Chovia. Mas ele não teve piedade.Queria o domínio total. E teve.
Assim, não somente a Solidão, mas a Tristeza e toda poeira que amargava minha vida tiveram que desocupar os espaços.
E hoje, só sei que depois da chuva só sobrou daquele dia uma única e preciosa gota a quem dei o nome de Felicidade...

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