sábado, 5 de junho de 2010

Poeira leve


Foto-João Ferraz

Poeira leve


Célia Pires

Tem tanta coisa triste que trago na bagagem.
Percebo que não mais me machucam e não atingem mais o órgão vital, o coração.
Muitas vezes queria que você entendesse que não queria somente desfrutar do seu corpo, mas da sua alma. Comungar sentimentos. Sorrir contigo. Mas você não entendeu.Talvez assustado, o 'juntos para sempre' tenha lhe provocado medo. Mas quem pode saber o tempo que vai durar?Do amor, espera-se que dure para sempre, a despeito do medo, a despeito das contas para pagar, pois nem tudo é só sonho.
Tem tanta coisa triste que trago na bagagem. Pensei que a sua indiferença, assim como o sorriso que você não me deu e o adeus que você não pronunciou a cada dia que saia não tinham me machucado. Me enganei feio!
Só hoje percebo que esses fragmentos de descuidada atenção me feriram com uma lança pontiaguda demais, que perfuraram até a esperança que existia em mim.Que era inteira, integra.
Sonhava que um dia, como por um milagre, você me veria tal como eu era e sou: uma apaixonada. Por você.Quantas vezes não esperei um doce carinho e fiquei com as mãos vazias?Sempre e sempre.Mas artistas de araque como eu não percebem o papel de tolos!
Bandida, fui desonesta comigo mesma. Deixei você roubar meu sossego. Porque fui gravar o seu rosto em minha mente? Porque me deixei encantar com o brilho dos olhos teus? Pensei que você seria meu guia nesse mundo. Mas eu nunca existi pra você. Mentira. Existi sim. Eu era um incomodo que te atormentava até você pedir para eu parar de tentar ter você pra mim. Esse banho de água fria até hoje não secou e por incrivel que pareça não conseguiu apagar dessa triste bagagem que carrego essa poeira leve chamada amor... sim, essa poeira leve chamada amor...

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