Foto-João Ferraz
Me dá um abraço?
Célia Pires
Célia Pires
Um sentimentalismo barato me invade. Algo em meu intimo me adverte sobre ser piegas, mas não dou ouvidos ao sinal. Quero que quero um vento manso e morno me agitando os cabelos como uma caricia.Rio de mim mesmo bem antes, muito antes que alguém ria de mim.Cansei de ser triste!
Mas sorrir custa muito. A dor é cara demais. Real demais para simplesmente ignorá-la.
Esse ricto,esse esgar de dor em meu rosto é confundido com caretas, trejeitos, micagens. A platéia vem abaixo de tanto rir.Mas eu mesmo me transformei numa miragem de mim mesmo.
Sufoco todo o sentimentalismo que me invade.Preciso estar sempre fugindo de mim mesmo para não ser esmagado por essa dor. Mas para onde ir?
Sei onde ir. Mas seria bem vindo? Ainda me pesa a lembrança de você me deixando falando sozinho, com o amor engasgado na garganta. Aquele ato quase me matou, quase me fez desacreditar de mim mesmo. Mas logo vi que não devemos insistir em sorver aquilo que pode ser um remédio amargo travestido de mel.Só queria te dizer: vem cá me dá um abraço? Mas tudo me foi negado. Você caminhou em sentido contrário à sua vítima achando que a vítima era você. Quanta pretensão de minha parte achar que poderia fazer parte de sua vida. Ser palhaço, fazer da vida um circo cheio de alegrias e te fazer gargalhar de prazer todos os dias. Mas letal, você foi a bomba atômica explodindo na Hiroshima de meu coração.Destruição total. Da esperança. Dos sonhos loucos num belo picadeiro!
Depois de tudo, ainda me sinto seu. Lá no meu intimo está guardado um baú a sete chaves que não me permito, que não ouso abrir, além disso está a vontade de gritar com todas as forças dos meus pulmões: vem cá me dá um abraço em troca de todo imenso amor que ainda sente esse palhaço!!
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