segunda-feira, 24 de maio de 2010

No passado


Foto-João Ferraz
No passado
Célia Pires
Saudade. Saudade. Os sentimentos empoeirados, o coração amarrotado afronta a esperança...
A fartura de seus beijos empobreceu. Porque? Cadê sua fúria me tomando? Me fazendo acreditar que o gozo seria eterno?Ah! Cadê o mel que eu buscava e encontrava em sua boca?
Nunca imaginei que um dia a alegria seria dispersa.Que a tristeza faria sua morada!
Nunca imaginei que um dia a Lua se apagaria do meu céu e que o Sol esfriaria, esfriaria.
Que vontade de me ver novamente em seu olhar. Que vontade de te apertar nos meus braços e te dizer fica aqui pelo amor de Deus! Porque você está me deixando? Naquele momento da partida queria ter gritado fica aqui minha vida, mas a voz não saiu.O que consegui? Morrer estando viva? O sangue que corria pelas minhas veias parece ter gelado minha alma. Congelado a vontade e o poder de amar outra vez. O vulcão sempre em erupção ficou adormecido. O que era sempre doce se amargou. Culpa de quem?Ninguém consertou os planos, só deitou nos panos macios dos lençóis. Catapultados somente ao ápice do prazer esquecemos que a vida continua fora da cama. Esquecemos de nos comprometer, de ver a beleza da tarde e de nos molharmos nas chuvas de verão. Só pegamos as gripes e os resfriados. Esquecemos de alimentar com amor o Amor.
Desgovernados de nós mesmos, nós apartamos. Sofremos tanto em vão!
E hoje tristemente me pergunto aonde está a tal felicidade? e uma vozinha chamada ilusão me responde: no passado, no passado...
mas a realidade me alerta e me diz: no presente, no presente....

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