segunda-feira, 21 de junho de 2010

Flor da fada


Foto-João Ferraz

Flor de fada

Célia Pires
Não tenho cercas, mas muitas vezes me encerro, me aprisiono dentro de mim mesma.
Forte, mas às vezes em total desamparo me vejo carente. Desamparada querendo um colo morno. Macio. sou Flor de Fada. Fada em flor. Flor em fada.
Vou aprendendo que a vida não é somente uma história. É a minha história!
Tantas vezes gostaria que ela fosse como diz a música, ladrilhada com pedrinhas de brilhantes.
Mas, às vezes, ela é enfeitada com um tapete ornamentado com crises pavorosas.
Muitas vezes, quero uma vida nova como se eu tivesse nascido agora mesmo, mas não ao ponto de voltar ao útero, à semente, e sim no momento crucial quando eu estava na encruzilhada de mim mesma.
Fui arbitrária. Juiza de mim mesma me dei cartão vermelho várias vezes, mas nunca desisti do jogo. Nunca. Nem sempre a grama estava verdinha, nem sempre os jogadores me respeitaram, mas não desisti e não desisto. Não mesmo! Sou atacante, mas também jogo na defesa. Em minha defesa. Sempre tem um ou outro querendo derrubar a gente na área e nos impedir de fazer o gol. Se esquecem daquela verdade absoluta: o importante é jogar. Ficar no banco de reservas nunca foi a minha!
Ás vezes quero voltar pra casa. Recolher as pétalas. Murchar! Ensimesmada me lembro que não importa onde eu esteja se eu estiver bem comigo mesma, bem com minha própria companhia. Linda como uma fada. Fresca como uma flor. Enraizada em minha própria fé.Vou cortar as amarras e deixar de ser fantoche de mim mesma, pois muitas vezes me engano, me iludo com um céu de algodão!Com adubos que só fazem crescer o sofrimento!
Ás vezes tento cortar as amarras de angústias. Ah! como elas pesam! Mas fazem parte daquilo que sou. Também tenho muita coisa bonita por dentro. E por fora!Também tenho um coração. Quero ser bem amada. Adorada. Quero ser flor. Quero ser fada. Flor de Fada! Isso não é pedir muito. Quero alguém que me regue com carinho e amor! Que fale a minha a minha língua sem importar em que país estou!
Mas ainda espero um doce bavejar de esperança. Ainda espero ter forças para conseguir abrir as torneiras que poderão lavar a minha alma de toda e qualquer dor. E fazer com que as flores se abram. Belas. Esplendorosas.E vai jorrar tanta água que ela vai transformar tudo num grande mar e vai impulsionar o barco ancorado no porto do meu eu e uma grande onda vai levá-lo por esse mar adentro e fazer com que a minha vida dê aquela esperada guinada de 180 graus. Vou enfrentar os tubarões, vou nadar com os peixinhos. Vou mostrar que nem tudo é espinho, que há o doce e inebriante aroma da Flor. A sedução da Flor.A Flor de Fada. E quando isso acontecer, todo o amargor congelado em minha boca vai se derreter e vai ser tanta emoção jorrando que vai ser impossível traduzí-la em palavras...

Um comentário:

  1. Oi Cecé, como você sabe empregar as palavras! Deu um nó na garganta e um aperto no coração. Me fez chorar, tanto de alegria como de tristeza. Não sabia que apesar do tempo e da distância vc ainda consegue me enxergar desta forma. Muito obrigada minha irmazinha querida, nunca esquecerei deste presente.
    Beijinhos, Pá

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