quarta-feira, 7 de abril de 2010

Lembranças

Foto-João Ferraz
Lembranças
Célia Pires
Todos os dias e sempre na mesma hora lá está ele na estação. Sentado num num dos bancos ele fecha os olhos e se deixa invadir pelas lembranças de um tempo que só depois que passou que veio a saber que era um tempo feliz.
Em suas lembranças ele a vê descendo naquela estação. Sente-se invadido por seu cheiro fragrante como flores que acabam de se abrir.Ela, uma rosa perfumada! Inebriado, se sente profundamente tocado.
Mas ele ao invés de apreciar a beleza da rosa deixou se picar pelo monstro do ciume.
Mas, como toda rosa ela também era rainha e o queria a seus pés e não em sua jugular e antes que pudesse se machucar com seus próprios espinhos o abandonou.Partiu sem nem olhar para trás!
Ele não se conformou, pois como um peixe já não sabia viver fora d'água, seu coração precisava daquela rosa para ser um jardim completo.
Que tolo foi. Pensou que a pudesse esquecer, mas a cada dia a lembrança ia matando mais e mais o seu coração e a vontade de revê-la era tão grande que nem sabia mais o que fazer. Tudo o fazia se lembrar dela: quando sentia o calor do Sol lembrava de seu corpo moreno, de sua boca que o provocava; quando via o brilho das estrelas, recordava do seu olhar brilhante que nunca se apagou no céu do coração.
Ela nunca soube a falta que lhe fez e faz, da saudade que ele sentiu e sente de suas palavras doces caramelando o seu coração.
Para aliviar a dor começou a ir até à estação e para sobreviver, para não tornar-se um naufrago de si mesmo criou a ilusão de que ela chegaria num dos trens.
Sempre esperando que um dia ela vai voltar e que juntos voltarão a ser felizes ,ele vai enchendo seu coração de esperança... e assim vai sobrevivendo a um dia de cada vez. Sonhando acordado pensa que se um dia seus caminhos novamente se cruzarem, ele não a deixará partir, por que o seu amor é uma pura necessidade de ficar junto a ela e amá-la para sempre...Enquanto isso, para não morrer de amor vai se alimentando de doces...de doces lembranças!

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