quarta-feira, 21 de julho de 2010

Junção

Foto- João Ferraz


Junção


O interessante é que ninguém nasce preconceituoso. Torna-se. Alguém ou algo influenciou aquela criança para que tivesse este ou aquele tipo de preconceito.Entrevistei um cara, loiro e de olhos azuis, que morou quando criança(década de 40) e durante toda a sua adolescência numa colônia italiana. Quando pode ir estudar na cidade, a febre da época era a televisão. Segundo ele, o barato era poder ver as pessoas se mexendo dentro daquela caixa!!Mas o mais interessante era que também era Copa do Mundo e o Brasil tinha um grande jogador:o Pelé. Haviam surgido os álbuns de figurinhas e em seu álbum só faltava a do tal de Pelé. Ele e seu irmão não tinham dinheiro para comprá-la. A solução foi trocar um saco de laranjas pela tal de figurinha rara com um colega. Qual não foi a sua surpresa quando observou que o Pelé, o maior jogador de todos os tempos tinha a cor negra. Até então, ele e o irmão nunca haviam visto um negro na vida e desconheciam que existisse pessoas de outras cores, a não ser a cor branca. Foram para casa mostrar a figurinha para a mãe, pessoa humilde e sem instrução. Se no coração dessa senhora existisse o tal chamado preconceito pode ter certeza que ela de uma forma ou de outra o passaria para os filhos, mas ela tinha aprendido com a sua mãe que todo ser vivente neste planeta era filho de Deus, fosse qual fosse a sua aparência ou cor.Assim os dois irmãos aceitaram naturalmente a negritude do tal jogador.Era diferente e só! Junção de valores! Mas e se a mãe não fosse assim? Então,percebe onde pode começar o preconceito?Aconteceria a mesma coisa se o Pelé fosse japonês, chinês, índio ou coisa que o valha!
Besteira querer nos eximir de que não temos preconceito. Sempre há alguma coisa que rejeitamos por este ou aquele motivo. Mas devemos ter em mente o limite do não gostar com o discriminar.
Ninguém pode nos fazer sentir pequenos se não permitirmos.
O preconceito como o nome mesmo diz é um pré-conceito. Ou seja, antes de conhecermos já estamos mandando bala no julgamento. E quase sempre condenamos.Não damos ao outro a chance de mostrar quem ele é. Nem precisa se ele não quiser. Cada um na sua!
Acredito que o preconceito é uma coisa muito, mas muito ruim. Por que alguém pode querer achar que é melhor do que o outro?Isso para mim é uma forma de retrocesso. Sinal de que a humanidade caminha a passos de tartaruga, pois, muitas vezes, assistimos o mesmo acontecer e não fazemos nada, pois não é com a gente, mas também se nos intrometemos podemos entrar numa fria. É um impasse.
Mas de uma coisa tenho certeza: se o preconceito nasce ou não dentro de nossos corações eu não sei. Não sei mesmo. Só sei da dor de quem o sofre...

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