domingo, 3 de outubro de 2010

The Psychoanalyst

Obra do pintor Marcelo Accarini


"The Psychoanalyst"
Célia Pires
Chego até a porta, abro e lá está ele.
Me olha como se realmente tivesse a chave da minha casa!
Ele entra, se instala e me pede num misto de imperativo e mendicância que eu abra o livro da minha vida e avisa que sou eu quem vai virar cada página e estabelecer a história.
Acato.
Ele, novamente, sem pressa vai ‘invadindo’
as gavetas dos quartos, cozinha, salas até chegar onde quer: ao obscuro porão...abrir a caixa de escorpiões...
Como um pintor vai fazendo antes rabiscos, esboços para compor o meu retrato.
Me solto. Vôo livre.
Deixo que ele leia a história que quiser, mas o livro é meu!Sou eu!
Tomo as rédeas e conto os capítulos com alegria, às vezes, com a dor que ainda resiste e existe em mim.
Conto. Conto. Reconto.Tudo ainda está em mim.
Mas findo o prazo não sinto alivio imediato. Não me desespero, pois sei que ele me aguarda... para uma próxima sessão!

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