quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Solidão


Foto de João Ferraz


"Solidão"

Célia Pires
Ansioso pela purificação confesso que
optei pela solidão.
Nesse holocausto voluntário,
a realidade crua bate a cada dia em minha porta, em minha janela e
não adianta me esconder, pois dou de cara com ela em cada esquina.Pavorosa.
Ali expio erros; recebo olhares de desdem, passo por humilhação e recebo desprezo dos muitos que por ali passam: desprazer em conhecer-me!
Nessa solidão prenha de dores me sinto acompanhado, como se carregasse os pecados de toda humanidade.
Sou e carrego muitos em mim e ao mesmo tempo sou só.Sozinho.
Em mim a resignação é dolorosa.Não a aceito facilmente. Dúvidas me perseguem, martelam seca e continuamente o meu ser depauperado. Fragilizado pela derradeira perda do amor. E essa dor sem poesia se torna crônica em mim. Virei um verso desprovido de uma boa rima.
Na solidão sinto me encouraçado,pois nada pode me atingir se não eu mesmo e
nessa esquina da vida onde marco encontro com a realidade descubro que nem tudo está perdido ao vislumbrar no mais profundo do meu ser uma luzinha que me aquece e que faz com que eu não me aparte definitivamente do mundo, que me apegue a algo essencial que parece me dizer que o passado passou.Percebo essa luz em alguns olhares de coragem, em sorrisos fortuitos e essa descoberta agita meu ser ao descobrir que o nome dessa luz é Esperança. Esperança!!!!

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