quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Paulicéia

Foto de João Ferraz


Paulicéia

Célia Pires
Depois que te deixei minha vida ficou incompleta.
E esse pedaço que me falta dói. Muito. A ferida não fecha!
Ainda sinto o prazer da chegada. A incerteza da partida.
E no seu barulho ensurdecedor aprendi a ouvir o meu silêncio.
A fazer do meu medo, súbita coragem.
Em sua escuridão encontrei a luz. Me achei em mim.
Aprendi a caminhar no silêncio da sombra, a me safar dos perigos de cada esquina.
A decifrar um pouco do mistério que há em ti.
Ah!Como te amo.Apesar de tudo.Te amo. Te amo!Dar as costas a esse amor foi duro. Cruel.
Saudade de ti. Saudade boa de ti. Da sua liberdade. Do seu paraiso. Da sua consolação!
A 'casa' onde habita a minha alegria ficou um pouco muda, um pouco deserta depois que te deixei.
Mas aqui tenho o sol,o soprar de um vento suave e até um pouco de doçura e ao contrário dai, posso ver a olho nu as estrelas alumiando no céu.
Mas te trago cá dentro de mim, em mim.Sou Paulicélia, Paulicéia...

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