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Célia Pires
Despida ela espera. Calmamente espera. Mas o coração está aos pulos.
Ela ainda não sabe, mas ele não virá.
O coração precipitado se entregou primeiro.
Se fez refém e ainda exigiu resgate...
Mas sem saber da futura dor da indiferença, não só com o corpo, mas com alma nua, ela espera. Espera e espera. Dias, horas, minutos, segundos...
Deseja ser tragada por um certo mar. Acredita que não seja só feito de sal, que deve ser doce ‘morrer’ de amor...Traz ainda o sabor de ter ouvido que era uma doce canção.
O tempo passa e ela ainda espera...
No reflexo do espelho só ela existe. Solo. Sua própria sombra é sua única companhia. E ao se virar se vê nesse imenso reflexo do espelho que é a vida. Finalmente se enxerga. Confusa. Desespera-se. Quer mais do que um amor de vidro. Quer ser mais do que sombra, mais do que um reflexo duplicado no espelho ou um simples eco.
Não somente um quadro a mais... que enquanto espera alguém adornou com flores, cujo aroma não pode sentir.
Não, não quer simplesmente observar as flores, ela deseja o jardineiro que as cultiva. E o espera. E cheia de esperança, coberta de amor, ela espera, sem saber que ele já veio e destruiu todas as flores de seu jardim....
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