sábado, 12 de março de 2011

Estação de trens em Araraquara









Obra do pintor Marcelo Accarini









Estação de trens em Araraquara










Célia Pires


Havia vida.
O lugar de despacho de cargas.
O armazém
O vai e vem de carroceiros que faziam a festa transportando mercadorias: de malas a cerveja ensacada.
A baldeação, onde os passageiros por conta da diferença de bitola tinham que trocar de trem.
O restaurante sempre concorrido
Os convidativos bancos para se sentar enquanto o trem não chegava
A sala de espera
O guichê
O burburinho daqueles que não iam embarcar, mas que encontravam no lugar entretenimento.
Encontros.
Desencontros
Estação de Flores. De dores. Amores
Outra vida.
Outro mundo.
A cidade era vista a partir da Estação.Hoje a estação abriga um museu de si mesma para não ficar esquecida no vagão do tempo. Para não virar ‘estação solidão’
E agora quem por ali passa recarrega o ‘vagão’ que vaga na própria alma salpicada de lembranças: o apito.
O maquinista.
O vendedor oferecendo toda sorte de doces e sedutores biscoitos de polvilho. Gigantes.
Que coisa mágica era tudo isso. A trilha sonora produzida pelo trilho embalava quem ia observando a paisagem através da janelinha.
A estação que recebeu trens de passageiros até março de 2001, foi o ponto de partida para tantas outras partidas, mas também de chegadas. Quem por ela passou, não sabia que um dia o bilhete ali vendido seria o da saudade. O da saudade...

Nenhum comentário:

Postar um comentário